quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pesquisa Confiável - Artigo da Nova Escola

No início deste ano, NOVA ESCOLA promoveu encontros com um grupo de professores para entender como os docentes procuram informações para suas aulas na internet. De modo geral, os educadores recorrem a dois campeões de audiência.
O primeiro, nenhuma surpresa, é o Google, líder no ranking de sites de busca, preferido por 92% dos usuários brasileiros. O segundo é a Wikipédia, enciclopédia colaborativa que atingiu, em fevereiro deste ano, a impressionante marca de 17 milhões de verbetes (680 mil deles em português).
Em termos de abrangência e agilidade, não há como competir com esses oráculos da vida moderna. Entretanto, quando o assunto é informação confiável, é preciso tomar alguns cuidados - não apenas nesses dois sites, mas em todo o ciberespaço. A seguir, um guia com lições sobre o que, como e onde pesquisar ajuda a melhorar a qualidade de suas buscas virtuais.


1. Identificar a informação confiável
Algumas pistas que indicam se a informação é digna de crédito estão no próprio texto. A primeira delas: o autor está identificado? Se está, é sinal de que ele se responsabiliza pelo que escreveu. Verifique também se a pessoa é especialista no tema. Notoriedade não garante a veracidade, mas transmite mais respaldo ao escrito.


Quando o assunto é Educação, uma busca pelo currículo acadêmico na Plataforma Lattes ajuda a mostrar o que, de fato, o autor produziu. Outro caminho é verificar o cuidado no uso da língua. "Um site que não respeita as regras básicas do idioma demonstra desleixo com a apresentação dos dados", diz Luciana Maria Allan, diretora-técnica do Instituto Crescer, em São Paulo, entidade especializada em estratégias de aprendizagem no mundo digital.
Confira também as provas de veracidade da informação, que demonstram a autenticidade do que se diz: há relatos e testemunhos? Os entrevistados têm nome e sobrenome ou estão escondidos sob expressões como "especialistas afirmam"? Por fim, é preciso atentar à data de publicação. Mesmo acontecimentos históricos estão sujeitos a revisões e a novas descobertas, o que pode invalidar explicações antigas.


2. Avaliar a qualidade das opiniões
Fala-se muito na necesidade de distinguir informação de opinião. Mas, na prática, essa é uma tarefa das mais difíceis, já que a linha que separa uma coisa da outra, na maioria dos textos, não existe. "Quem redige toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições pessoais, seus hábitos e suas emoções", reconhece o Manual da Redação do jornal Folha de S.Paulo. Ainda assim, vale evitar textos fortemente adjetivados.


Como regra, opiniões devem estar baseadas em argumentos e evidências. Perceber os interesses do autor também é fundamental. É ingênuo pensar, por exemplo, que um fabricante de remédios trará dados imparciais sobre seus produtos. Sobre o posicionamento do autor, note o seguinte: ele se distancia das fontes com expressões como "segundo" e "de acordo com"? Abre espaço para opiniões contrárias, contestações e dúvidas sobre as conclusões? Em debates polêmicos ou em questões não plenamente desvendados pela ciência, isso é essencial.




3. Questionar o primeiro resultado do Google
Os detalhes de como o Google ranqueia os sites durante uma busca são mantidos em sigilo. Sabe-se que a lista se baseia numa fórmula com dezenas de variáveis, como o número de acessos e a quantidade de links apontando para a página. Como a confiabilidade não é uma preocupação central, algumas empresas contratam especialistas em programação para turbinar sua posição na lista.


A revista Exame de 6 de abril ilustrou essas artimanhas com um exemplo: ao digitar "cirurgia plástica" no Google, o site de Ivo Pitanguy - uma das maiores autoridades na área - aparece apenas no final da terceira página de resultados. No topo, médicos em início de carreira e empresas que financiam intervenções estéticas.
Moral da história: o primeiro nem sempre é o melhor, muito menos o mais crível. Para encontrar o que se deseja, pode ser necessário clicar em várias páginas - ou, ainda, refinar a forma como se busca a informação.


4. Extrair o máximo de sua pesquisa
O próprio Google ensina a sofisticar suas investigações. Na página inicial, se você clicar em "pesquisa avançada", encontrará opções de busca com todas as palavras digitadas, apenas no idioma escolhido, por tipo de arquivo (.doc, .pdf) e assim por diante. Na maioria das vezes, não é preciso ir tão longe. Basta digitar as palavras buscadas entre aspas - a pesquisa só trará páginas em que elas apareçam juntas.
Para dar uma ideia, os termos Educação especial, sem aspas, retornam 6 milhões de resultados. Com elas, "apenas" 1,1 milhão. Outra estratégia é filtrar os resultados pelos sites que você já sabe que são confiáveis.
A forma mais simples de fazer isso é digitar a expressão entre aspas e, em seguida, o nome do site. Por exemplo, a busca "Jean Piaget" "nova escola" retorna principalmente reportagens da revista sobre o pesquisador suíço.

5. Usar a Wikipédia com sabedoria
Não dá para ignorar a utilidade da Wikipédia, mas é preciso utilizá-la com cuidado. Como são os próprios internautas que alimentam seu conteúdo e não existe uma checagem oficial feita pelo site, pode haver informações erradas. Para se prevenir, a enciclopédia desenvolveu uma política de verificabilidade, cujo preceito principal é que os verbetes devem conter as referências de onde a informação foi tirada - revistas, jornais, periódicos científicos etc.
Quando os artigos não possuem essas citações (indicadas no fim da página como "notas e referências"), internautas podem sinalizá-los com uma marcação antes do texto: "Esta página ou seção não cita nenhuma fonte ou referência". Olho aberto para artigos com esse e outros símbolos, como "artigo controverso" (para textos excessivamente parciais) e "artigo ou seção que podem conter informações desatualizadas".
Para saber como determinado verbete chegou à sua forma atual, clique em "ver histórico", na parte superior da tela, onde estão todas as mudanças feitas no texto.


6. Recorrer a bases e fontes conhecidas
A palavra-chave aqui é a checagem da informação. Se ela está na base de dados de uma universidade ou faz parte de uma publicação acadêmica, provavelmente passou pelo crivo de especialistas no tema. Se está num meio de comunicação respeitado, passou ao menos pela checagem do editor.
Lúcio França Telles, professor da Universidade de Brasília (UnB), alerta para o uso do popular Yahoo Respostas, em que os textos dos internautas não passam por nenhuma conferência. Melhor recorrer ao Google Acadêmico, que busca resultados apenas em livros e periódicos universitários, ao Scielo e ao portal de periódicos da Capes, bibliotecas virtuais com artigos, livros, enciclopédias e obras de referência.
Para os alunos, vale indicar a respeitável Enciclopédia Britannica. Não custa lembrar ainda que, quando o assunto da busca é Educação, o nosso site é um grande aliado.






Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/mapa-pesquisa-confiavel-internet-tecnologia-629250.shtml?page=1

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